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Conversa Fiada

E as gravadoras norte-americanas já estão enchendo o saco de novo, os caras não se contentam com nada... Não dá mais para baixar quase nada na internet, está tudo bloqueado em audiogalaxys e imeshes da vida, agora os caras querem tomar o controle das rádios da rede também... Nos Estados Unidos, estão querendo impor uma taxa altíssima pelas músicas tocadas nessas rádios, uma taxa 25 vezes maior que a cobrada das rádios comuns. Com isso, quase todas as rádios da internet teriam que fechar e as gravadoras teriam o controle sobre as músicas tocadas na internet... Logo, seríamos forçados a ouvir aquela mesma baboseira de sempre, aqueles mesmos Limp Bizkits, Britney Spearses, Eminems da vida, sem ter muita opção.

(Notem que eu não estou atacando a música de nenhum deles, mas sim a falta de opção para os que não gostam deles.)

Alguns artistas, como Alanis Morissete e The Rosenbergs (este é um grupo independente americano, que já foi inclusive apoiado pelo Napster), já se manifestaram contra e foram ao Senado americano prestar depoimento. Veremos no que vai dar, já que o histórico das causas dos artistas versus corporações não é muito favorável, vide o fiasco Pearl Jam versus TicketMaster e ainda o processo do Napster.

Mas falando em rádios, finalmente uma rádio boa para se ouvir está no dial carioca. Se antes eu só podia ouvir Globo ou JB FM, agora eu viro para a AM para ouvir a nova Fluminense, ligada ao jornal O Fluminense de Niterói. É uma rádio bem precária, com apenas algumas vinhetas e várias mp3, mas é bem melhor do que qualquer outra rádio comercial, pois mesmo sendo "rock", tem rock de qualidade, não só os singles das queridinhas das gravadoras. Afinal, onde mais você pode ouvir Beatles, Simple Minds, Kid Abelha, Rolling Stones, Placebo, Legião Urbana, AC/DC, Jimi James e Planet Hemp no mesmo bloco de programação? (Ok, eu não ouvi no MESMO bloco de programação, mas já ouvi várias vezes cada um, e sim, algumas vezes juntos...)

Consegui passar por cima sobre o meu ceticismo gigantesco quanto a nova encarnação da "Maldita" e agora estou torcendo para crescer de novo. E vamos lá... (Adriano)

Nota de última hora:

 

O lamentável ataque terrorista aos Estados Unidos, ocorrido nesta terça-feira, dia 11 de setembro, pegou-nos de surpresa, na véspera do data marcada para o lançamento desta edição d'O Abismo. Às pressas, resolvemos incluir uma pequena análise sobre o incidente, pois achamos que não poderíamos ignorar uma coisa de tamanhas proporções.

 

Nós freqüentemente manifestamo-nos, talvez não aqui no zine, mas entre amigos e em outros meios, contra o domínio norte-americano sobre nossa economia e cultura, às vezes parecendo até extremistas, falando em tomada do país e tudo o mais, mas sempre desejamos que acontecesse tudo de forma pacífica, pelos meios certos. Ninguém aqui, pelo menos em nosso círculo de amigos, jamais desejou que os americanos tivessem que sofrer perdas de vidas ou danos à propriedade tamanhos. A queda das torres gêmeas do World Trade Center é também a queda de um mito, de um dos pilares da economia e arquitetura americanas e, por que não, mundiais. As cenas do segundo avião acertando a torre sul estarão para sempre em nossas mentes, assim como o desabamento dos dois prédios, tão aterrorizante foi. A imagem do Pentágono às ruínas, logo o posto forte do pensamento estratégico norte-americano, também foi muito impactante. Fora isso tudo, ainda há muito a se analisar e descobrir quanto ao ataque e as mortes, coisas que nos atingirão ainda mais durante a semana e o resto do ano. Deixamos aqui nossos pêsames aos Estados Unidos da América.

 

A nota mais triste, porém, parece ser que George W. Bush não aprendeu nada com o evento. As palavras do presidente americano durante todo o dia e em seu pronunciamento à nação à noite demonstravam aquele mesmo orgulho e a mesma arrogância características do país. Em um momento em que os Estados Unidos estão caídos sobre os joelhos, em que fica provado que são tão vulneráveis a ataques quanto os outros, em que o mundo mostra que existe também, Bush consegue ignorar tudo e dizer que "isto é um teste que o mundo está passando a América e nós vamos mostrar pra eles quem somos, ninguém mexe conosco, a gente vai devolver em proporções bem maiores", mostrando sua completa ignorância e incapabilidade de ser o comandante de uma nação. Em nenhum momento ele sequer especulou reconhecer que sua política de assuntos estrangeiros poderia ter provocado o ataque e sequer cogitou uma mudança de rumo nesta frente, apenas seguiu dizendo todas as atrocidades que sempre diz. É uma pena, pois pensávamos que uma tragédia como esta poderia trazer mudanças nas relações internacionais e maior paz entre os países, uma volta ao período da primeira administração de Clinton, quando o movimento pela paz era forte. Já deu para notar, entretanto, que este ataque pode ter sido mesmo Pearl Harbor 2 e mais destruição e estupidez virão daqui para frente.

 

Resta-nos apenas torcer pelo dia de amanhã. Que Bush e seu secretário de defesa, Colin Powell, pensem cuidadosamente em suas ações e façam o que têm de fazer da maneira mais inteligente e razoável possível. E que o mundo não caia nas nossas cabeças como o World Trade Center caiu no chão de Manhattan. (Adriano)

 

Retirado do blog Cinco Minutos, do Pedro Souza:

 

Uma notícia inacreditável na FolhaOnline me chamou a atenção - "Letras de música poderão ser obrigatórias em discos". Que diabos. Não há uma única razão lógica que suporte tal lei. Isso é uma espécie de cerceamento artístico. Alguns discos têm conceitos básicos, e pôr as letras no encarte ou não é decisão do artista (ou, vá lá, decisão para minimizar os custos, em casos mais extremos).

Vejam só. O New Order, ao longo da década de 80, pregava silenciosamente contra a o culto à personalidade, não pondo nenhuma informação sobre a banda ou as músicas no encarte. Era uma opção estética, que fica evidente no primeiro disco da banda, "Movement" - a capa minimalista e inorgânica, desenhada por Peter Saville, parecendo apenas um poster. Na contra-capa, a lista das músicas, os créditos para o produtor (Martin Hannett), engenheiro de som (Chris Nagle), assistentes (John e Flood) e só. Opção estética da banda, que depois viria apenas a por "Music by New Order" em seus discos. Foi exatamente essa característica que ajudou a criar a estética da banda e a fomentar a curiosidade alheia a respeito de quem estava por trás daquilo, dando um ar razoavelmente misterioso à coisa.

Em outras ocasiões, outros artistas omitem as letras para demonstrar o foco na música, e não nas palavras, ou simplesmente para confundir os ouvintes. É uma opção estética, um artifício que o artista tem para trabalhar o conceito da obra. A decisão sobre a inclusão das letras não pode ser tomada por decretos políticos. É algo semelhante a promulgar uma lei que afirmasse que todos os discos deveriam ter capas brancas, ou uma duração de exatamente setenta minutos.