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Conversa Fiada

Temporada de caça ao PT

 

O circo está armado. Dois políticos do PT foram assassinados, Celso Daniel, prefeito de Santo André, e o prefeito de Campinas, Antônio da Costa Santos, o Toninho, e mais três sofreram atentados: os prefeitos de Embu, Catanduva e Ribeirão Corrente. Todos de São Paulo. E a lista não pára por aí...

     O líder da oposição no Senado, José Eduardo Dutra e a senadora Heloísa Helena receberam, em Dezembro, e-mails ameaçando-os de morte. E-mails que ameaçavam, inclusive, o candidato à presidência pelo PT, Luís Inácio Lula da Silva. As mensagens asseguravam, ainda, que Lula não ganharia as eleições: um porque os membros da organização terrorista não gostavam do PT e dois porque Lula não era à prova de balas.

     Para engordar a lista, Aloizio Mercadante, José Genoino e José Dirceu também foram ameaçados. Nem os Suplicy escaparam da lista. Uma recompensa já foi posta pela cabeça dos criminosos: R$ 50.000,00 foi o que anunciou Geraldo Alckmin. É grana alta rolando...

     Há quem diga que são crimes políticos, hipótese que não deve ser descartada, afinal estamos em ano de eleições...Agora, já pensou se for descoberto que a direita, realmente, está por trás disso...é aí que a merda vai toda para o ventilador...ou não né.(André)

 

Geração MTV

 

Eu outro dia estava ouvindo aquela música mais do que famosa e tocada mais de mil vezes por aí, Geração Coca-Cola, da Legião Urbana, que resumia muito bem o espírito da geração de adolescentes dos anos 80. Ao mesmo tempo, estava lendo um zine novo que eu peguei lá na Casa da Matriz, o Off-Topic, com textos do povo do "underground" carioca, gente que estudou comunicação na faculdade, está antenada com o que está acontecendo na música, na TV e no mundo do entretenimento e tal... Já tinha ouvido pessoas dizerem que a música que eu estava ouvindo ainda valia para os dias de hoje, mas, ao ler o zine, fui pensando, "Não, de jeito nenhum. Esta música perdeu o sentido hoje". Sim, foi uma música muito importante e é bem divertida, boa letra, mas não tem a ver com a geração atual.

 

A Geração X, que é referida pela música, era uma geração que sofria com o recesso originado pela crise do petróleo na década de 70 e no caso específico da América Latina não tinha acesso fácil à filosofia, a um ensino de qualidade, tudo meio peneirado pelas ditaduras que tomaram conta dos países. Esta geração entrou pela década de 90 tentando se adaptar a uma nova realidade, com o retorno da escolha democrática dos seus representantes, com o domínio mundial da tecnologia, etc. Já neste ponto, a Geração Y estava ativa e se mostrou muito diferente da anterior. Era uma juventude que tinha alguns ideais, que nascia junto com a nova liberdade de expressão e não queria ficar parada. Foram vitais para a aeleição de Bill Clinton nos EUA e para a derrubada de Fernando Collor aqui no Brasil. Manipulados? Sim, mas pelo menos tinham uma ideologia de vencer e participar. Já ali, começava a se formar a Geração MTV, mas para mim só agora se concretizou esta nova onda.

 

Vivemos numa sociedade midiática, onde quase toda a nossa vida está ligada à mídia. Tudo que sai na mídia de massa, seja TV, Internet, rádio, jornais, está na boca do povo no dia seguinte. Todas as conversas são sobre assuntos que estão sendo debatidos nesses meios. A MTV é bastante representativa do crescimento desta sociedade. Nascida em 1980 nos Estados Unidos, a emissora foi tomar o mundo durante a década de 90, criando filiais por toda a América e pelos quatro cantos do mundo. Na segunda metade da década a MTV firmou definitivamente seu status no meio adolescente e dos jovens adultos do mundo inteiro. Suas influências são percebidas em vários pontos: os filmes passaram a seguir um ritmo ainda mais rápido e frenético, tentando seguir o formato dos clipes de quatro minutos tão comuns na emissora; os telejornais tentaram adaptar mais imagens e notícias mais rápidas ao seu esquema; as histórias em quadrinhos passaram a apostar ainda mais no talento dos desenhistas em desenhar quadros grandes e dinâmicos do que nas próprias histórias.

 

Quando eu estava lendo o fanzine, com seus textos minúsculos de uma página e ágil leitura, com parágrafos até desconexos em alguns textos, percebi nitidamente a influência da MTV em nossas vidas (mesmo que talvez os escritores do zine referido possam negar e jurar não gostar da MTV, é inegável a influência). Este zine mesmo que vocês estão lendo, O Abismo, são pequenos pedaços de informação colocados na Internet, peças de rápida leitura, opiniões rasteiramente formadas. A informática traz dados novos aos nossos sentidos a cada segundo, o tempo agora é imediato, pontual, não segue mais tanto a estrutura linear de tempos atrás. Cada vez mais, estamos tendo o conhecimento mais picotado e não chegamos ao verdadeiro conhecimento. Tudo o que sabemos pode ser resumido em um videoclipe de quatro minutos, praticamente, e logo estará mudando mais uma vez, porque uma nova informação vai substituir uma velha e não se conseguirá processar o pensamento direito, portanto só seguimos o fluxo que a mídia nos propõe. Assim, modas vão e vem, e a juventude vai tentando apenas se adaptar a este sistema, seja tentando negá-lo, como nós (não propriamente negar este sistema, mas tentar fugir dele, buscando uma reflexão maior), mas tendo uma grande influência, seja seguindo-o sem questioná-lo. E essa é a Geração MTV, que ouve música, tenta ser politicamente antenada, vê a moda, e tudo passa quatro minutos depois, são pequenos blocos que rapidamente são esquecidos.

 

Algumas pessoas vão discordar e dizer que somos a Geração Internet, mas já pegamos a Internet no meio de nossa adolescência. A Geração Internet são as crianças da década de 90 e finzinho da década de 80, gente que está crescendo junto com a tecnologia. Nós crescemos juntos com a MTV. (Adriano)

 

obs: Neste texto eu não quis de maneira alguma desprezar ou ofender a galera do Off-Topic, que é um zine bem bacana e que me divertiu durante uma de minhas viagens diárias para Niterói, tomara que continuem assim publicando-o.

 

Morreu mais um...pena que não era qualquer um

     Desculpe-me leitores pelo descaso transmitido pelo título, mas honestidade sempre vai bem. São Paulo é uma selva, não só a capital mas o estado inteiro. Assaltos, roubos, assassinatos, tráfico e seqüestro. Uma terra que fabrica sua própria lei. A lei do mais forte, a lei do dinheiro, claro, estes sempre lado a lado.

     Apontam os dados, que na capital paulista morre, pelo menos, um por dia. Poxa, numa cidade de onze milhões parece pouco, no final do mês só trinta morreram. E qual a possibilidade de algum de vocês conhecer um dos defuntos?? Quase zero, é mais fácil ganhar na Sena, pode apostar.

     Dia 19, Sábado último, morreu mais um. Entretanto esse não era qualquer um. Era alguém importante, um político, o prefeito petista, de Santo André, Celso Daniel. Sim, era um político. “Menos um”, vocês devem ter pensado...Há um porém. Esse era um bom político. Tudo bem não era perfeito, mas fez coisas boas. Atualmente trabalhava na campanha do Lula. Era um prefeito de dar inveja, que lutou contra a violência até seus últimos dias.

     Integrante da corrente majoritária do PT, Unidade na Luta, era o coordenador da campanha presidencial  de Lula. Além de instalar câmaras de vigilância perto das escolas, em áreas de lazer e nas regiões que serviam de passagem para o tráfico, em 1997 implantou o programa de inclusão social, elogiado pela ONU. Um projeto que visava a urbanização de 137 favelas da cidade. Também tinha projetos para a saúde e educação. Para fechar com chave de ouro, ainda dava aulas de economia e ciências sociais. Enfim, um “cara que faz”, e fez...Ah se todo político posse assim... (André)