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Conversa Fiada

Uma declaração de Carlos Alberto Torres, técnico do Flamengo, na última rodada do Campeonato Brasileiro, causou polêmica durante a semana. Ao receber de um repórter os parabéns pela vitória rubro-negra, que assim evitou o rebaixamento para a Segunda Divisão, Torres disse, "Pra mim, não. Eu sou só o técnico, quem está de parabéns são os jogadores". Torres atingiu uma das bases do futebol jogado hoje no Brasil, que é a super-valorização dos treinadores.

Há mais ou menos uns dez anos, criou-se no Brasil um culto aos técnicos de futebol, uma noção de que o técnico de um time era mais importante que seus jogadores. Ao invés de celebrar os craques, os goleadores, os homens entre as quatro linhas, passou-se a dar mais mérito aos treinadores, aos homens encarregados da escalação do time e do método de treinamento. Enquanto Romário, Bebeto, Raí, Paulo Nunes, Rivaldo e Ronaldinho iam marcando seus gols e exibindo seu jogo de qualidade, a imprensa cumprimentava Carlos Alberto Parreira, Luís Felipe Scolari e Wanderley Luxemburgo, erguendo-os como os verdadeiros vencedores, mexendo suas peças em campo como num jogo de xadrez.

Esta fórmula se desgastou muito e causou no esporte um dano gravíssimo, pois ao invés de se tentar formar craques, tentam se formar jogadores que saibam se adequar a esquemas táticos. O país se encontra numa pequena entressafra de talentos, onde todos reclamam da escalação da seleção brasileira, mas mal conseguem achar soluções para o problema. Outro mal é a constante troca de treinadores nos clubes, o que dificulta que um jovem tenha um plano de desenvolvimento traçado e pode acabar tendo seu futuro jogado fora, ao ter que desempenhar novas funções e jogar de maneiras diferentes para cada novo comandante.

Muita gente já começa a rejeitar totalmente o papel dos técnicos, dizendo que não são nem um pouco importantes, que não podem virar jogos...

(continua na coluna direita)

Fim de greve

 

Bom, agora que acabou a greve dos professores, vamos todos voltar às aulas... Pelo menos é o que vai acontecer na UFF. Os professores não querem perder o GED (Gratificação de Estímulo à Docência), por isso voltaram nesta segunda-feira, dia 10. O calendário do período não parece prejudicar muito os alunos, visto que terão os seus 100 dias letivos, com direito à pausa no Natal e no Carnaval e férias de três semanas (sim, mas em Abril...) Há quem defenda menos tempo de férias, para ajeitar o calendário mais rápido, mas é complicado por causa das inscrições de calouros, das inscrições em matérias dos demais períodos, etc. No mais, parece tudo se encaminhar perfeitamente. Agora vai depender dos professores cumprirem a parte deles e ensinar direito o que está na pauta de seus cursos. Eu certamente não queria voltar agora, e deixei isto claro aqui na última edição, mas fazer o que, né... Vamos ver o quanto este calor vai nos afetar também.

Parece que em várias faculdades os professores resolveram continuar em greve, no Nordeste e no Sul, o que deve acabar por cancelar os períodos destas universidades e vai acabar privando os professores do GED. Aqui no Rio, os servidores da UFRJ não receberam o que foi prometido e voltaram à paralisação.

Ou seja: voltou a ser uma piada. Alguns me dirão, "e quando deixou de ser?", e realmente eu nem sei a resposta. E quem continua a apanhar são não só os alunos, mas os próprios professores e estabelecimentos de ensino, que continuarão sendo desrespeitados pelo governo e manterão sua queda incrível em qualidade. E o pior é que tem gente já fazendo piada e ameaçando fazer greve de novo em abril de 2002... O que eu falei na última edição, hein? (Adriano)

 

 

                                                                                                                                                                                                                                                                                                           

Mas não é bem assim. Eles tem alguma importância, ou não estariam sequer ali.

A função básica de um treinador é traçar um esquema de treinos para os atletas e escolher quais estarão em campo em um jogo. Analisando mais profundamente, o que um técnico deve fazer é encontrar os meios pelos quais os seus jogadores possam alcançar todo o seu potencial e o time possa jogar o máximo que pode. É isso que tentam com os esquemas táticos e substituições, criar os espaços para que cada craque jogue tudo o que sabe.

Ou seja, é pequena a função é pequena, mas é importante e difícil. A diferença entre um time de craques com um bom técnico para um time de craques com um ruim é considerável. É só vermos o exemplo do Vasco, do ano passado pra cá, do Fluminense, mesmo período de tempo, do Santos, já há uns três anos... Se olharmos para o basquete, é ainda mais fácil achar times que eram bons mas só foram achar seu potencial com bons técnicos. Phil Jackson, técnico do Bulls e do Lakers e campeão com ambos, confirma isto. É claro que um bom técnico com um time ruim, sem craques, não vai a lugar nenhum, o jogador É a figura central, representa 90% do jogo. Entre os demais fatores, entre os demais 10%, o treinador tem pelo menos uns 3% de responsabilidade. E essa pequena porcentagem, às vezes pode ser decisiva.

As finais do Campeonato Brasileiro são uma ótima oportunidade para se analisar o trabalho de alguns destes treinadores e dos craques brasileiros. São times com um número parecido de craques, por isso acho que a participação dos técnicos, embora pequena, será importante. Não que o mérito seja deles, no final das contas, quem resolve é o jogador mesmo. E que não reste dúvida disto. Carlos Alberto Torres que o diga. (Adriano)